Chantagens em nome de Deus

Eu gosto da maneira romântica e realista como os poetas colocam nossas vidas espelhadas nas vidas deles. Em especial, repito com certa frequência alguns dos meus preferidos. E, hoje, quem tem razão, mais uma vez é o Tim Maia quando canta:

Mas quem sofre

Sempre tem que procurar

Pelo menos vir achar

Razão para viver…

Ver na vida algum motivo

Pra sonhar

 

Do outro lado estão aqueles e aquela que fazem terrorismo e na melhor das hipóteses Chantagens em nome de Deus. Não é de hoje. Não começou ontem, nem terá o fim amanhã. Parece-me que tais chantagistas sempre existiram, e sempre existirá. E como é que aterrorizam, e como é que chantageiam em nome de Deus? De várias maneiras. Todas, no entanto, diminuem quem sofre a um estado de culpa.

Faz vinte e um dias que Kátia participou de uma gincana da Igreja católica. E o motivo de tê-la convidado, foi o fato de estarmos ainda, lutando contra o Linfoma, o fato de não termos saído ainda desta fase.

Lá, ela entrou em contato com várias pessoas. Eu recusei o convite. O meu motivo é simples: Minha paciência com vários tipos de pessoas esgotou. Em especial, as pessoas que se dizem próxima demais de Deus, ou seja, pessoas religiosas demais, espirituais demais, santas demais. São pessoas, que querem fazer um certo tipo de tráfico, e também trafego de influência que não dispõe. São pessoas que querem ser ministros das relações exteriores celestiais na terra. São pessoas que dizem-se embaixadores do reino aqui na Terra, no entanto, são inaptas para os serviços.

Tais pessoas começam a diminuir os demais afirmando:

– Vocês tem que se apegar a Deus, mas, se apegar de forma verdadeira, pura, intima.

 

De fato, estão nos acusando de não estarmos apegados a Deus, também, que nosso apego a Deus, se não render resultados, é um apego FALSO, que estamos vivendo um apego baseado em ideias falsas e mentirosas. Por último, acusam nossa forma de apego a Deus de IMPURA e que falta certo tempero de intimidade.

Algumas outras vão além desta acusação e alfinetam a falta de contato e convívio santo:

– Ah! Deus não fica contente com os filhos que não frequentam a sua casa…

 

Minha esposa já concorda comigo e com o pai dela no ponto de que, quando vamos á igreja, além da mensagem e das instruções celestiais saímos de lá um pouco mais contrariados com as atitudes dos embaixadores celestiais. Nos incomoda a atitude soberba com que os ESCOLHIDOS do SENHOR tratam os não escolhidos, os que pensam que a casa do Senhor é uma casa de oração.

Desta última experiência ela chegou em casa afirmando: Você estava certo, eu sair de lá, com mais desconfiança nas pessoas do que certeza do bem e do mal, do que é certo e do que é errado.

Eu repudio estes chantagistas em nome de Deus. Eu, continuarei a recusar suas investidas, comentários, ações e atitudes que mancham certos atributos divinos, e muitos preceitos religiosos.

Partem do pressuposto de que a doença, o sofrimento, a dor, a angústia e tantos outros elementos tão típicos da vida humana, também o são elementos identificador da falta de Deus, da falta de religião, e se tem religião envolvida, os elementos da religião, o modo de viver a religião está errada ou é falsa.

Não é verdade que o sofrimento aponte a falta de Deus. Não é verdade que a doença seja sintoma e aponte para a ausência de fé. Não é verdade que a dor, a morte, a tragédia seja falta de Deus, ou que seja lá o que passam pela cabeça destes chantagistas, tal como por exemplo: pecados ocultos de nossa parte.

Tudo isto apenas evidencia que estamos no mesmo lugar e sujeito as mesmas condições, circunstâncias e meios. Fico pensando nestas pessoas naquela sexta-feira, quando Jesus morreu. O que é que estariam dizendo para Ele, ou estariam comentando sobre Ele?